Terezinha de Jesus Almeida Silva Rego, ocupante da Cadeira n° 14 da Academia Maranhense de Ciências, nasceu em São Luís, em 5 de fevereiro de 1933, filha de Joaquim Pedro da Silva e Francisca da Conceição Almeida Silva.
No tempo de menina, foi aluna do Primário e do Ginásio no Colégio Rosa Castro. Lá, já começara a desenvolver o gosto pelas ciências e pelas plantas, podendo-se, a partir desse ponto, inferir que a estudante que irá tornar-se emérita professora de Ciências, já se aproximava dos vegetais e vislumbrava, ainda que remotamente, o mundo fascinante das plantas, com as quais, mais tarde, se haveria de entender, ao transformar-se em mestra de Botânica.
Cursou os estudos secundaristas no Liceu Maranhense.
Mais tarde, na década de 50,enquanto aluna da Faculdade de Farmácia, Terezinha Silva Rêgo já se destacava como Professora de Botânica dos principais colégios maranhenses (Rosa Castro, Liceu Maranhense, Santa Teresa) e logo se notabilizou pela eficiência de seu trabalho e por sua capacidade de liderança junto aos jovens que a estimavam muito e a consideravam sua legitima mestra.
Professora de Botânica da UFMA, Terezinha Silva Rego foi aprovada, em 12 de setembro de 1977, em concurso de livre-docência junto ao Departamento de Farmácia, após submetida a prova escrita, prática e defesa da tese “Contribuição do reconhecimento morfológico e anatômico de Tagetes minuta L”.
Entretanto, Terezinha sonhava mais alto. Ansiava por ver os vegetais a serviço da vida, na preservação da saúde das populações maranhenses de menos poder aquisitivo.
Desse modo, Terezinha Silva Rego prossegue com seu trabalho, visando o enriquecimento de uma experiência e aprendizado das plantas e/ou desse, ainda meio obscuro, reino vegetal em terras maranhenses.
Fez vários cursos de atualização, em São Luís e em outras cidades, tais como: Curso de Química Toxicológica de Urgência, 1970; Curso de Biologia, 1970; Curso de Atualização em Análise de medicamentos, no “I Congresso Maranhense de Farmacêuticos”, 1974; Curso de Sistemática Botânica, 1976; Curso de Anatomia Vegetal, 1982, em Brasília.
Assim, com empenho e simplicidade Terezinha Silva Rêgo foi conquistando, com méritos, os lugares que ocuparia da Universidade Federal do Maranhão, sem jamais depender de influências ou favores políticos, porque, por uma razão de foro íntimo, ela ousava sempre e, com a Ciência a seu favor, a professora fez-se mestra e douta, conhecedora das filigranas botânicas, estudiosa e atualizada com as publicações cientificas mais recentes do Sul-Sudeste do país.
Ao longo dos anos, ela vem intensificando sua luta no sentido de documentar sua pesquisa, através de relatórios livros, alguns já editados, tais como: “50 chás medicinais da flora maranhense” e “Fitogeografia das plantas medicinais no Maranhão” e em forma de artigos publicados “Levantamento da flora da baixada maranhense” (1977); “Análise das características fundamentais da Pré-Amazônica” (1980); “Plantas medicinais da flora maranhense” em cadernos de pesquisas da UFMA, 1985 e na “Acta Amazônica” (1977).
Num segundo momento de sua vida profissional na UFMA, vê-se a professora Teresinha, bastante empenhada num meritório trabalho: imprimir mais ritmo e funcionalidade ao Herbário “Ático SEABRA”, e, como se fora um trabalho diferente em sua carreira, ei-la voltada para vivenciar, com profundidade, a existência mágica e miraculosa dos vegetais que, manipulados sem nunca passarem por laboratórios, alcançam “n” possibilidades no universo dos medicamentos, tão úteis na erradicação de males que continuam afetando grandes contingentes da população maranhense.
Terezinha, sem jamais fazer política, foi sempre uma formadora de opinião e, por conseguinte, revolucionou a praticidade do ensino botânico, ao questionar velhos métodos e colocar-se sempre favorável a mudanças estruturais na forma como a Ciência deve ser analisada e situada no contexto de uma realidade indiscutivelmente mutável, O desejo de lutar por uma Universidade democrática, com departamentos interligados e funcionais, nunca faltou a Terezinha Silva Rego que, em razão de sua formação liberal, com todas as nuanças mais fortes de um direito quase hereditário ou quiçá, arraigado na alma, entende ela e defende então a obrigação à pesquisa e ao estudo cientifico de nosso Estado para que se mapeiem as regiões de incidência de certas e determinadas plantas que, registradas e catalogadas, passarão a ser material de análise constante da universidade – e isso também parece ser de fundamental importância para a preservação de muitos vegetais medicinais que correm o risco de desaparecer.
Se os anos de magistério não lhe renderam altas divisas, por outro lhe proporcionaram uma imensa fortuna que a UFMA, para Terezinha Silva Rego, constituiu um campo de incalculáveis experiências e ela só chegou a pensar em abrir mão dos intangíveis tesouros, no momento de aposentar-se. Mas a aposentadoria trouxe-lhe um novo desafio, ainda permanecer como professora porque era cedo para que a Universidade prescindisse de seu excelente contributo ao ensino superior da Botânica.
É preciso que se diga, que nunca, portanto, pelo que construiu em seu apostolado educacional, Terezinha Silva Rego ansiaria por aposentar-se na UFMA. Assim, meio melancolicamente.
“O Sonho Acabou”, e Terezinha, obedecendo aos ditames da lei, aposentou-se recentemente, para dar continuidade ao seu trabalho. Sim, porque as pesquisas, as conferências, as aulas, as atividades no “Ático Seabra”, seguem seu curso normal. Afinal, aqui também pode-se afirmar: ‘‘professor quando descansa, carrega pedra.’’
O que havia no caminho do poeta: a pedra, ela sutilmente afastou, porque o anseio de vencer sempre foi mais forte, e dedicada que sempre foi, a Profa. Terezinha nunca desanimou em meio a possíveis e naturais dificuldades.
São campos do saber provocados de obstáculos que precisam ser ultrapassados com obstinação e paciência. Entretanto, sábios são os que insistem, não se deixando abater jamais. Ao estudar uma Ciência, é necessário pesquisar e percorrer sem medo um campo minado. Terezinha de Jesus Almeida Rego conquistou a láurea de mestra em Botânica por uma opção pessoal e por vocação que falou mais alto, a partir do momento em que ela decidiu seu destino, compreendendo haver nascido para o mister de ajudar e formar profissionais da área médica, especialmente farmacêuticos.
Professora, mãe e dona de casa, encontrou ao lado do marido Artur Nunes do Rego, companheiro e incentivador de seu trabalho, forças para prosseguir a luta em prol, sobretudo, de melhor qualidade de saúde das comunidades carentes. Com suas filhas,
Telma e Tânia cumpriu, religiosamente sua missão, sendo mãe amantíssima e mestra talentosa.
Um Professor, diria o Príncipe, de Exupéry, “é uma estrela”, espalha-se luminosamente por onde passa e seu caminho brilha intensamente, ou será que fragmentos de luz ainda bailam pelo espaço comovido das avenidas? Terezinha fez-se estrela de primeira grandeza e ainda nos ilumina enquanto sabiamente espalha sabedoria pela Terra.
Atualmente é Membro Emérito da Academia Maranhense de Ciências.
O patrono de sua Cadeira é Achilles de Faria Lisboa