José Maria do Amaral
José Maria do Amaral, patrono da Cadeira nº 45 da Academia Maranhense de Ciências, nasceu em Luzilândia/Piauí, em 05 de novembro de 1931, é de filho de Maria José Costa do Amaral (natural de Melancias, atual Luzilândia, estado Piauí e Zebino Pacheco do Amaral (natural de Peixes, município Marruás, estado Piauí), com dez irmãos: Epitácio (advogado), Benito (advogado), Francisco (advogado), Afonso (médico), Nizan (odontólogo), Zebino Filho (agrônomo), Socorro (pedagoga, educadora artística), Zélia (médica), Villany (educadora) e Margareth (educadora artística). Casou-se em 24 de dezembro de 1957 com Léa Mendonça do Amaral (natural de São Luís/Maranhão), tendo quatro filhos: Luís Roberto (médico), Sílvia (designer e pedagoga), Flavia (farmacêutica) e José Maria do Amaral Filho (médico). Aos 03 anos, a família mudou-se para Viana, estado do Maranhão, onde estudou até os 10 anos de idade, período com reconhecimento da necessidade de melhor formação educacional, foi morar em São Luís, morando em um pensionato na rua São Pantaleão. Aos 12 anos de idade, começou a trabalhar ministrando aulas de reforço escolar, em sala de residência de amigos da família, iniciando, assim, sua trajetória de educador. Com os proventos desse seu trabalho, gradativamente, foi trazendo seus irmãos para São Luís, para que os mesmos tivessem melhores condições de educação. Em São Luís, conclui seus estudos secundaristas (atual ensino médio) no colégio Maristas Maranhense. Ingressando, imediatamente após a conclusão de ensino secundarista, no curso de graduação em Farmácia-Bioquímica, pela então Faculdade de Farmácia e Odontologia do Maranhão, da Universidade Federal do Maranhão, concluindo sua graduação em 11 de dezembro de 1953. Fez pós-graduação lato sensu em Farmácia-Química pela Escola Nacional de Química da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro (1965 – 1966) e Química pela Escola Nacional de Química da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro (1965 – 1966); retornando a São Luís para continuidade da sua missão na educação.
Na vida acadêmica, foi professor catedrático da Universidade Federal do Maranhão, através do Decreto Presidencial de Nomeação em 1961 por 3 décadas, onde foi professor titular das disciplinas: Química Analítica 1, Química Analítica 2, Química Analítica 3, Química Geral e Inorgânica, Química Orgânica e Físico- Química; e professor colaborador das disciplinas Bioquímica, Química Industrial e Farmacologia; ofertadas a diversosdepartamentos da UFMA, marcando sua contribuição efetiva na formação acadêmica de profissionais das diversas áreas das ciências da saúde, químicas, biológicas, biomédicas. Já em nível de pós-graduação foi professor colaborador de Físico-Química Aplicado a Farmácia, Radioquímica e Físico-Química Aplicada a Biomédica. Por diversas vezes, exerceu cargo de chefe do departamento, contribuindo efetivamente no eixo da gestão universitária, com papel essencial em diversas reformas universitárias. Atuou efetivamente na UFMA até 24 de setembro de 1991, data da publicação de pedido de aposentadoria voluntária, motivada pelo início de problemas de saúde. Fora da Academia, mas ainda no Magistério, em 3 de abril de 1953, com ajuda de amigos que cederam instalações em residência na rua da Paz, iniciam as atividades do “Curso Preparatório aos Vestibulares Prof. José Maria do Amaral”, Maranhão, Brasil, marcando sua brilhante atuação na educação. Em 1960, as atividades do Curso foram transferidas para a rua dos Afogados, passando a funcionar com a essencial e competente atuação de sua esposa, a qual exercia parte das atividades administrativas do estabelecimento. Nessa nova localização, as instalações eram compartilhadas com as atividades de ensino e residência familiar. Nesse espaço comum não havia delimitação física, pois, os alunos do Cursinho, compartilhavam do seu vasto acervo literário pessoal, condição essencial para os estudos pois relatamos uma época onde o acesso à informação, via de regra pelos livros, não era fácil. Nesse ambiente, era comum ser ofertado aos alunos, refeições e suporte de repouso, especialmente aos mais necessitados.
O Mui respeitado “Cursinho do Professor Zé Maria”, como era vastamente conhecido, funcionou por mais de 5 décadas, desde sua fundação (1953 – 2002), se pautou por preparar seus alunos para o ingresso no ensino superior, participando ativamente na formação acadêmica de inúmeras gerações nos âmbitos municipal, estadual e nacional. A sua contribuição aos seus alunos foi muito além do repasse dos chamados “macetes” para as provas dos vestibulares; mas no seu papel como educador pautado em atitudes, ações e postura, marcadas pelo compromisso com a educação plena, com a responsabilidade da interação com as famílias dos seus “futuros doutores” (termo ao qual nomeava seus alunos), como comprovado em registros de reportagem locais. Paralelamente as atividades de docente, exercendo sua profissão de formação, atuou como farmacêutico da Farmácia Carvalho por 20 anos (1953 a 1970), sediada na Praça João Lisboa, rua de Nazaré, no centro dessa Capital, tendo prestado assistência farmacêutica idônea e ilibada, fez acreditar profundamente na importância do profissional farmacêutico dentro do estabelecimento, em um período de grande representatividade da farmácia no contexto da saúde, contribuindo efetivamente na qualidade de vida da sociedade maranhense. Na profissão farmacêutica, atuou ativamente, tanto na formação profissional como acadêmica, considerando que muitas das disciplinas sob sua responsabilidade eram ministradas aos acadêmicos do curso de Farmácia da UFMA, bem como nas entidades de classe; contribuindo efetivamente para a criação de um novo ambiente na farmácia maranhense.
No que tange às suas participações societárias classistas, foi membro da Associação Brasileira de Química e da Associação Maranhense de Farmacêuticos. Destacando-se a sua atuação no Conselho Regional de Farmácia do Estado do Maranhão, exercendo cargo de conselheiro em vários exercícios, presidente (1972 – 1973) e vice-presidente (1978). Problemas de saúde decorrentes da diabetes ocasionaram o encerramento das suas atividades no Cursinho. Em 01 de janeiro de 2004, faleceu no hospital UDI, na companhia de sua esposa e filhos. A atuação do Professor José Maria do Amaral na área das Ciências, contribuiu de forma efetiva e fundamental para a formação de profissionais na área da Saúde. Frases como “Quando não se pode fazer o que se deve, deve-se fazer o que se pode” foi um grande marco para a formação de cada aluno que adentrava no Cursinho; conseguindo, como poucos, incentiva-los a não abandonar o sonho de ter o ensino superior. E enquanto acadêmico, entender que o aluno só teria êxito no contexto profissional com estudo, dedicação e esforço. Em 2006, em homenagem póstuma, foi concedida a Comenda do Mérito, a mais alta honraria outorgada, no setor farmacêutico, no país. Na ocasião, a sua filha Flavia Maria Mendonça do Amaral, farmacêutica industrial e professora universitária, representou a família na solenidade no auditório do Memorial Juscelino Kubitschek, em Brasília, na presença de diversas autoridades, momento no qual foi ovacionado pela plateia.