João Batista do Vale
mais conhecido apenas por João do Vale, é um músico, cantor e compositor maranhense, nascido na cidade de Pedreiras, no interior do Maranhão no dia 11 de outubro de 1934. João do Vale foi de origem muito humilde, foi o quinto de oito irmãos, descendente de angolanos que foram escravizados. Se mudou para a capital maranhense por volta dos seus 12 anos de idade em busca de trabalho, visando ajudar a sua família. Neste período integrou um grupo de Bumba-Meu-Boi, onde desempenhava a função de “amo”, ou seja, aquele que era o “fazedor” dos versos. O nome da companhia de Bumba-Meu-Boi se chamava “Noite Linda”. Fascinado por música desde cedo e um verdadeiro gênio da música nordestina, apreciava e compunha diversas canções, em sua maioria baiões. Viajou e morou em diversos estados e cidades brasileiras em busca de oportunidades, trabalhando como ajudante de caminhão, garimpeiro, e até ajudante de pedreiro na cidade do Rio de Janeiro, onde trabalhava e dormia na obra. Perseguiu seu objetivo de chegar até a cidade do Rio de Janeiro viajando de trem e carona de caminhão, tudo para ficar mais próximo das rádios e gravadoras. Chegou a mostrar suas composições para a cantora Marlene, que tempos depois gravou sua composição “Estrela Miúda” e para o ilustre Tom Jobim.
Sua vida começou a mudar quando começou a entrar em contato com diversos artistas através de frequentes visitas às estações de rádio para conhecer pessoas do ramo musical que pudessem gravar suas composições, e artistas como Zè Gonzaga e Dolores Duran, gravaram algumas de suas músicas. Na década de 1950 também atuou no cinema, participando de papéis e conheceu diversos diretores de televisão, como Roberto Farias, que o convidou a musicar alguns de seus filmes. Estreou como cantor no ano de 1964 em um restaurante. Neste período ganhou notoriedade com a sua composição “Carcará”. Gravou seu segundo disco ao lado de Chico Buarque no ano de 1982. Chico Buarque havia produzido anteriormente o LP “João do Vale Convida”, com participações de Nara Leão, Tom Jobim, Gonzaguinha e Zé Ramalho, entre outros artistas.
No final da década de 1980 sofreu um derrame cerebral que o deixou com sequelas irreversíveis, como fazendo dele dependente do uso de cadeira de rodas e lhe privando da fluidez da sua fala, impedindo que pudesse continuar cantando e se apresentando. Algumas de suas músicas se tornaram verdadeiros estandartes da música popular brasileira como “Pisa na fulô”, “Carcará”, “Peba na pimenta”, “Coronel Antônio Bento” e “Asa do vento”. Artistas como Tim Maia, Maria Betânia, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Alceu Valença, Nara Leão, Tom Jobim, Gonzaguinha e Zè Ramalho, gravaram e interpretaram suas canções. Sua genialidade está na articulação rítmica bem trabalhada e acentuada, que unida a uma lírica que retrata a vida de sofrimentos da vida de um nordestino, enaltece melodias simples, que formam composições cativantes que passeiam pelos ritmos nordestinos que vão do xote ao baião, com nuanças sentimentais e reflexivas que transmitem afetos doloridos e saudosos, alegres e puros, advindos de um coração que pulsava música. Ainda, em vida, recebeu uma homenagem ao ser inaugurado o Teatro João do Vale no centro histórico de São Luís no ano de 1995. Faleceu em 06 de dezembro de 1996, aos 62 anos de idade