Haroldo Olympio Lisboa Tavares
Haroldo Olympio Lisboa Tavares, ocupante da Cadeira nº 4 da Academia Maranhense de Ciências, nasceu em 22 de novembro de 1932, em Salvador, na Bahia. Filho do engenheiro Jayme Tavares, foi também prefeito, de 1926 a 1929, no governo Magalhães de Almeida, e diretor da Estrada de Ferro São Luís – Teresina até a Revolução de 30.
No início da sua trajetória, em 1965, foi nomeado secretário da Secretaria de Viação e Obras Públicas do Estado do Maranhão. Além dos laços familiares, tem grande identificação com médico Pedro Neiva de Santana, pelo gosto ao serviço público, desligado de objetivos de carreira pessoal. Foi presidente do de Clube de Engenharia e formou a comissão que organizaria uma Escola de Engenharia Civil autônoma.
Nasceu rápido, idônea e moderna, mas, a pedido do governador Sarney, foi integrada à estrutura do Estado. Inaugurada em 1968, a Escola já tinha adquirido seu computador, um IBM1130. A novidade lhe valeu o apelido de “sonhador”, do qual nunca se livrou.
À parte qualquer traço de imodéstia, é como engenheiro que afirma: “audaciosa e inovadora foi a Barragem do Bacanga, de acesso ao porto do Itaqui. A alternativa convencional seria uma ponte de quatro pistas, mas havia dois problemas: seria dispendiosa, e grande a dificuldade em obter recursos. Outro problema era a variação das marés: a vasa exporia os mangues da Areinha até o Filipinho a invasões incontroláveis e a urbanização só seria possível com aterros nos lotes”.
Imaginou, então, um lago controlado por comportas fixando as marés altas e, assim, definindo um contorno estável e urbanizável. Isso criaria áreas para uma progressiva ocupação, o que se dá até hoje. “Pelo inusitado, a solução, na época, revigorou-me a fama de “sonhador”. Mas, surpreendentemente, foi o que nos garantiu novas fontes de financiamento.”
Assumiu a prefeitura em março de 1971. Todo o trabalho que empreendeu a partir daí se deve à informação obtida de antemão e confidencialmente, que São Luís iria receber, com o Porto, o minério de Carajás para exportação. Essa informação veio por Mário Costa Braga, Presidente da extinta Docegeo. E mais: a instalação de uma siderúrgica seria decorrência natural. Foram esses fatos – e não um tolo fascínio pelo mirabolesco, como muitos julgaram – que lhe impuseram uma nova concepção para São Luís.
De início, percebeu que seria crucial proteger o que ele considerava uma das maiores riquezas arquitetônica: a cidade antiga. Por essa razão, nasceu o ‘‘Anel Viário”, que além do aspecto urbanístico, cumpriu a função histórica de afastar do centro, as certamente inevitáveis agressões econômicas, travestidas de progresso. Do ‘‘Anel Viário” resultou também a ‘‘Avenida Médici”, importante pelas características de corredor expresso e de ligação à BR 135. Foi ela que permitiu, pela margem da Areinha, a continuidade de uma antiga ideia, iniciada muito antes, na área dos contornos do lago da barragem do Bacanga, destinada à ocupação.
Essa ideia gerou o programa de financiamento de lotes urbanizados, pioneiro no BNH, que até então, só financiava moradias. Assim, Haroldo Tavares construiu a Médici e todos os acessos para os recentes loteamentos.
Além disso, urbanizou a Ponta D’areia, até então ocupada muito desordenadamente. Outra decorrência da Ponta D’areia era a necessidade de criar o acesso à travessia do Igarapé da Jansen.
Construiu então, uma lagoa a ser formada pelo carregamento de terra, expulsando lateralmente o lodo por compressão. Sedimentado, esse maciço foi escavado e depois, aberto vertedouros ao nível inferior das marés cheias. Era solução baratíssima e renderia à cidade, um belo ponto de lazer, mas vale salientar: é obra de engenharia mesmo. Não se trata de reduto ecológico de formação natural. É o próprio Haroldo quem acrescenta: “Parece-me certo exagero tê-la enquadrado na Constituição Estadual como Zona de Preservação Ambiental”.
Sempre tratou, em suas administrações, de valorizar o que nos é mais caro: nossa arte, nossa tradição, nosso patrimônio, facetas da alma peculiar da gente maranhense.
Findados os quatro anos na prefeitura, passou a dedicar-se a atividades empresariais, inteiramente desvinculado da política. Essas atividades o levaram a continuar contatos com a Vale do Rio Doce, dessa vez, para prestação de serviços. Em 1986, elaborou, juntamente com o engenheiro Romildo Vello, um estudo de avaliação da importância de ligarem-se os portos na calha do Rio Amazonas, no Pará, aos mercados do Sul do país. Obviamente, esse traçado conduziria ao acesso ao Porto do Itaqui, já operado pela Vale. Seria a Ferrovia Norte-Sul, mais tarde assim nominada.